05 agosto 2011

Espera

Esperava já havia 27 anos.
Todos os dias sentava na cadeira, ou debruçava na janela, ou deitava na rede da varanda a esperar.
Um dia, enquanto cuidava do jardim, o tempo nublado anunciava chuva, ouviu um barulho.
"Oh meu Deus, é ele... como eu pude me ausentar da casa? Espero que não pense que não o aguardava..." - Correu com uma expressão incerta entre sorrisos e lágrimas.
Chegou  na casa, sem fôlego, e nada encontrou. 
Era só o mensageiro dos ventos. 
Mesmo assim preferiu esperar mais um pouco na cadeira de alpendre.
"Quem sabe não é um sinal..."
Ficou ali, sentada, esperando a chuva acabar e as nuvens se abrirem para as estrelas.
"Melhor ir dormir, é tarde. Se ele chegar de manhã, só espero não estar com cara de sono".

Isaac Ruy

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