28 junho 2009

Antes de ir ao baile

Vejo nos cacos do espelho
vestígios das pétalas de narciso

Tudo me parece intenso:
o ranger das pernas da cadeira,
o aroma do café amargo,
as roupas coloridas no varal...
Meus sentidos se confundem

Poucas folhas me restam nesse outono solitário

As mãos trêmulas seguram o retrato
Lágrimas, que se perdem no labirinto de rugas,
afogam-me de saudade
nessas paredes que me cercam

Reminiscências inebriam, atordoam.
Quem dera a existência fosse eterna
ou que déssemos juntos o adeus

És anjo e faço-me Ícaro.
Deixo nas palavras meu silêncio,
meu grito mudo,
e na gélida espera faço-me cinzas,
aguardando o reencontro
para dançarmos a última valsa



Isaac Ruy



Poema vencedor da Menzione Particolare del Premio Internazionale di Poesia Nosside di 2008.

22 junho 2009

Pensamentos noturnos

talvez a inspiração venha enquanto durmo...
talvez um sonho,
talvez um pesadelo,
ou talvez o descanso,
ou, ainda talvez, a paz.

Mas... se for o amor, espero estar acordado!

Isaac Ruy
nada de lápis e papel na mesa.
nada de máquina de escrever inquieta.
um computador, alguns deletes e enters, muitas idéias e - a companheira - Insônia.
Se não deitar não durmo.
Esc e Power... um riso gerundiando (O seu computador está sendo desligado)
Cama... escuro... silêncio... (...)