06 julho 2011

Dom

Capitu chegou em casa, despenteada, às 13h00 do dia seguinte.
Explicou as razões, mas sabia que Bento não acreditara na mentira que inventara sobre onde, e com quem, passara a noite - provavelmente pelos olhos de ressaca que a denunciavam sobre a farra da madrugada.
Foi escovar os cabelos e fingiu que nada aconteceu. Ele também.
Era esse dom, de fingir, que mantinha vivo esse romance casmurro.

Isaac Ruy

4 comentários:

  1. O dom de fingir mata grandes amores. Drika

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  2. Mata amores, mas infelizmente ainda constrói alguns relacionamentos =\
    A tendência nesse caso é algum dos parceiros se jogar de uma ponte. UAHSuAHUshAUshuAHsuA

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  3. Se você me permite, Isaac, vou deixar aqui nos comentários um continho sobre Bento e Capitu que escrevi nos tempos da faculdade:

    CONVERSAÇÃO

    “Seja sincera, Capitu... Você me traiu ou não traiu?”
    “O quê...? De onde você tirou essa ideia maluca, me diz?”
    “É que... esse menino é tão parecido com o Escobar!...”
    “Nem tudo que reluz é ouro, Bentinho... Você sabe disso.”
    “Mas ele é o próprio Escobar em miniatura, mulher!”
    “Bobagem, querido, são seus olhos...”
    E depois, com um sorrisinho ambíguo:
    “Você tem cada ideia de jerico!”

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  4. Uma piada intelectual atraída por poesia e traição nenhuma senão essa sua vantagem de kilômetros de comer e cuspir versos, puta que o pariu.

    Márcio Ares.

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