26 dezembro 2009

Meu bom José

Composição: Georges Moustaki
Olhe o que foi meu bom José
Se apaixonar pela donzela
Dentre todas a mais bela
De toda sua Galileia
Casar com Debora ou com Sara
Meu bom Jose, voce podia
E nada disso acontecia,
Mas voce foi amar Maria
Voce podia ser simplesmente
Ser carpinteiro e trabalhar
Sem nunca ter que se exilar
E se esconder com Maria
Meu bom jose voce podia
Ter muitos filhos com Maria
E teu oficio ensinar
Como teu pai sempre fazia
Porque sera meu bom Jose
Que esse teu pobre filho um dia
Andou com estranhas ideias
Que fizeram chorar Maria
Me lembro as vezes de voce
Meu bom Jose, meu pobre amigo
Que dessa vida so queria
Ser feliz com sua Maria
Georges Moustaki

homenagem...

24 dezembro 2009

Recado ao Papai Noel

"Papai Noel,

como eu não tenho chaminé, para que entre escondido, coloque o presente perto da porta, toque a campainha e saia correndo..."
Att.
Isaac Ruy"

11 dezembro 2009

Proverbo italiano

"Chi pò, non vò; chi vò, non pò; chi sà, non fà; chi fà, non sà; e così, male il mondo và."

Quem pode, não quer; quem quer, não pode; quem sabe, não faz; quem faz, não sabe; e assim, o mundo vai mal.


História sobre o depois de uma noite de sexo quente e casual

Ele _ Desculpe, como é mesmo seu nome?
Ela _ Eu não te falei.
Ele _ humm...
Ela _ ...
Ele _ ... o meu é Marcos...
Ela _ ...
Ele _ ...
Ela _ ... legal... Marcos...
Ele _ ... você tem cara de Laura...
Ela _ ...
Ele _ ... seu nome é Laura?
Ela _ Não.
Ele _ humm...
Ela _ ...
Ele _ ...
Ela _ ...
Ele _ Na verdade eu menti...
Ela _ ...
Ele _ ... meu nome não é Marcos...
Ela _ ...
Ele _ ...
Ela _ ... acho melhor eu ir embora.
Ele _ ...
Ela _ ...
Ele _ humm...
Ela _ ...
Ele _ ...
Ela _ ... tchau.
Ele _ Tchau Laura.
Ela _ ...
Ele _ ...
Ele e Ela _ ...
A porta se fecha.

Isaac Ruy

07 dezembro 2009

Amor pontual

Enquanto ele explicava, cheio de reticências, a razão do atraso,
ela punha um ponto final na relação
.

Isaac Ruy

28 novembro 2009

Poema do amor alcoólatra

VURSHÊ É TÔDIO PRA MIM,
EU TCHAMO E SSSSSEMPRRE ODSCHSÃO...
AXIPESSÔ FICAFALÂNU AXPESSÔ FICAHJULIANFUNO...
FAXIHNHEICHOIRUTA DU MEEU CORÇÃO.

DIUTORDJUI MEEU CORÇÃO DA MINHAUVIDA...
ACHUQUIEUNUMTIÔÔÔ... NUMTIÔÔ... MUTUBEM...

Isaac Ruy

 

27 novembro 2009

Surreal

O rei ainda comanda.
A chuva pinga no balde.
O alvo é feito de sombras,
a fruta, caída, bichada.

Enquanto a água inunda as letras
e a caixa vermelha é trancada,
o sol colore as cortinas,
as pedras quebram moinhos.

"a estrela não virá com a noite,
mas os gatos continuarão noturnos.
Então o espelho refletirá a imagem
que só os cegos olhos vêem."

As cartas foram em branco,
mas a ironia acompanhava o envelope.

O hoje ainda promete
ouro aos que têm a chave.

"A espera se encerrará com a sorte
que a fada trará escondida."

Ainda venta forte...
O silêncio trouxe consigo
o fogo que exala lembranças.

Os verbos, os números, os fatos
perdem a razão contínua.
Os dentes continuam cerrados,
a mente, aberta, escancarada.

"chegará o dia
em que as moscas não zombarão
do lixo que as alimenta."

Isaac Ruy

23 novembro 2009

Fábula da vida alheia

_ .....
_ ............ ...... .. ........... . ....... ............!
_ ... .......... ..., ..... ..... ................... ......., ......?
_ .............
_ .............?!!!
_ .. ............ ............... ... . ......
_ ..... ...... .........!
_ ...!

Moral clichê: Quem conta um conto aumenta um ponto

Isaac Ruy


Ilustração de Norman Rockwell

19 novembro 2009

Rápido e rasteiro

Vai ter uma festa
que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar.

aí eu paro
tiro o sapato
e danço o resto da vida.



Chacal
CHACAL. In: Muito prazer. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1997.
Meu momento de leitura marginal...
Isaac Ruy

Espelho

Depois de chorarem juntos,
sorriu para o sorriso dela.
a cumplicidade os tornava idênticos,
ela canhota, ele destro.

Isaac Ruy

17 novembro 2009

Realização

Queria uma morte tranquila.
Morreu atropelado, mas com trilha new age.
Isaac Ruy

09 outubro 2009

Canção do povo

Da janela avistei a roda...
  ........................................Briga?
Não! Capoeira.

E ao longe se podia ver a poeira do baião...
Nordestino
 

......é 
.........ligeiro
dança

  .....com
  ............o
  ..............pé,
  ..................canta 
...........com 
..................a
  ....................alma.

Da infância, já distante, as músicas folclóricas e de roda
ainda me fazem sonhar e...
 

...........................ter medo da Cuca.

Na manhã tem hip-hop, à tarde tem reggae e à noite tem rock.
Origens
 

.............e variedades é o que não falta... 
.................................também tem viola - músicas da terra.

Tranqüilo, ao som da bossa, dormi...
Mas o coração ainda bate em ritmo de samba!

Talvez essa mistura de melodias reflita o que o povo é...
 

............essa mistura de tonalidades de 
..................................................                 vermelho 
..........                                                       ..preto 
..................................................................branco 
.......                                                         ..amarelo
Mas com um só sangue: Brasileiro!
Isaac Ruy

Último desejo

19 setembro 2009

Mentiras nossas de cada dia

Tem a mentira que tem perna curta...
... e a mentira de nariz comprido!



Homenagem ao meu companheiro de cena, Pinocchio...

06 setembro 2009

31 agosto 2009

Aparências

Não queria ninguém comentando.
O vestido estava curto demais.
O decote estava grande demais.
Depois de lhe presentear com um olho roxo, comprou-lhe um belo óculos de sol.
Não queria ninguém comentando.
Isaac Ruy

29 agosto 2009

Camuflagem

Sempre usou preto - a discrição era algo que sempre admirou.
Uma qualidade, um dom, uma dádiva.
Um dia, era noite, foi atropelada por um carro vermelho sangue.

Isaac Ruy

Mais um nanoconto publicado no blog: nanocontos.blogspot.com

Pedra

sobre
pedra
sobre
pedra

sobre
pedra
sobre
pedra

sobre
pedra
sobre

pedra
sobra



Isaac Ruy

21 agosto 2009

Sobre o tempo e seu fim

tic... tac... tic... tac...
tic... tac... tic... tac...
tic... tac... tic... tic...
tic... tic... tic... tic...
tic... tic...
tuc.
Isaac Ruy

09 agosto 2009

Gota

a
cada
gota
canto
como
um
conta-
gotas
conta
as
gotas
no
canto
do
copo
e
gosto
como
o
gosto
do
canto
gasta
o
gesto
gasto
do
conta-
gotas
que
conta
e
canta
como
eu
canto
quando
conto
gota
a 
gota
as
gotas
do
conta-
gotas
no
canto
do
copo

Isaac Ruy

18 julho 2009

Recíproca

O jantar começou em silêncio.
Ela estava séria, como sempre.
Ele sorria imaginando os efeitos da água sanitária na sopa dela.
Queria vê-la morrer um pouco a cada dia.
Mal sabia ele do vidro moído que sempre ingeria.
O amor acabou, mas a recíproca ainda era a mesma.
O jantar terminou em silêncio.
Isaac Ruy
Mais uma contribuição para o blog coletivo
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16 julho 2009

Poética do Eremita

.

No deserto
estão secas
as pedras que no mar se molhavam
a semelhança confunde o eremita
que solitário demais
passou o tempo
entregando-se
à solitária memória
aqui a pedra seca
para o eremita
não perdeu
a qualidade úmida
de poder ter estado
ao pé do mar.


Fiama Hasse Pais Brandão



Poema de Fiama Hasse Pais Brandão...
belamente musicado por Adriana Calcanhotto no violão cello...
tanto o poema quanto a canção são incríveis...
Veja o vídeo da canção AQUI!

Isaac Ruy

13 julho 2009

Ocaso


O presente.
Embrulhado em um brilhante papel dourado
estava o som mais belo que já ouvira...
A canção da caixa de música era tão alegre quanto o tempo de [risos e sonhos era.

A velha caixa de música
ainda soa as mesmas velhas notas da velha música da velha [caixa velha.

O segredo.
Escondido na parte mais alta da estante
ficava o poema mais belo que já lera...
Os versos do livro eram tão intensos quanto o tempo de amores e [sonhos era.

O velho livro de poesia
ainda tem as mesmas velhas palavras das velhas poesias do [velho livro velho.

O tesouro.
Guardada no fundo da última gaveta
deixava a imagem mais bela que já vira.
A foto dos amigos era tão emocionante quanto o tempo de [mudanças e sonhos era.

O velho álbum de fotos
ainda guarda as velhas lembranças das velhas fotos do velho [álbum velho.

O vazio.
Perdida na mais remota memória
estava a vida mais bela que vivera...
A alma de alguém era tão única quanto o tempo de medos e [sonhos era.

A velha mulher sentada na cadeira
ainda chora as velhas lágrimas da velha mulher sentada na [velha cadeira velha.

O nada.
Tudo estava esquecido...
não havia mais canção,
não havia mais versos,
não havia mais fotos,
não havia mais alma,
não havia mais sonhos,

mas... ainda havia a velha velha.




.Isaac Ruy



Poema com o qual recebi uma menção distinta no Prêmio Internacional de Poesia Nosside 2009
Isaac Ruy
Se a poesia faz refletir... a foto reflete!

12 julho 2009

Fuga

.
Cansada de tantas brigas resolveu sair de casa.
Voltou.
Esquecera de pôr o lixo para fora.


Isaac Ruy
Minha primeira contribuição para o blog coletivo nanocontos.blogspot.com.
Uma ótima idéia para partilhar arte.
Participo e indico.

11 julho 2009

Lareira

.
em
poucos
segundos
o
beijo
ardente
transformou-se
em
cinzas
retorcidas
no
fogo
incandescente

enquanto a gélida lágrima apagava a lembrança fria do instante


Isaac Ruy

28 junho 2009

Antes de ir ao baile

Vejo nos cacos do espelho
vestígios das pétalas de narciso

Tudo me parece intenso:
o ranger das pernas da cadeira,
o aroma do café amargo,
as roupas coloridas no varal...
Meus sentidos se confundem

Poucas folhas me restam nesse outono solitário

As mãos trêmulas seguram o retrato
Lágrimas, que se perdem no labirinto de rugas,
afogam-me de saudade
nessas paredes que me cercam

Reminiscências inebriam, atordoam.
Quem dera a existência fosse eterna
ou que déssemos juntos o adeus

És anjo e faço-me Ícaro.
Deixo nas palavras meu silêncio,
meu grito mudo,
e na gélida espera faço-me cinzas,
aguardando o reencontro
para dançarmos a última valsa



Isaac Ruy



Poema vencedor da Menzione Particolare del Premio Internazionale di Poesia Nosside di 2008.

22 junho 2009

Pensamentos noturnos

talvez a inspiração venha enquanto durmo...
talvez um sonho,
talvez um pesadelo,
ou talvez o descanso,
ou, ainda talvez, a paz.

Mas... se for o amor, espero estar acordado!

Isaac Ruy
nada de lápis e papel na mesa.
nada de máquina de escrever inquieta.
um computador, alguns deletes e enters, muitas idéias e - a companheira - Insônia.
Se não deitar não durmo.
Esc e Power... um riso gerundiando (O seu computador está sendo desligado)
Cama... escuro... silêncio... (...)

19 abril 2009

Último ato

Fria
a taça
cai
O desfazer agudo do cristal
se funde aos compassos do relógio
____________ ___em si maior]
Paz
O corpo jaz, agora mudo, sobre o carpete
________ ___de veludo azul-profundo]
O cachimbo repousa, ainda com as marcas de saliva
____________________ ___da última tragada ]
O cenário se desfaz
Recordações brincam em carrossel e
__________________ ____risos]
O eco de uma canção instiga as lágrimas
O vinho se espalha entre os cacos
______________ ___da cena]
O sangue ainda corre
Foco
O olhar mantém o monólogo
Catarse
Clímax
No chão, o respirar ofegante
_____________ ___pára]
O sonhar além do beijo
__________ __pára]
A vida...
___Não]
Essa não pára nunca
O espetáculo não pode parar
Silêncio
As cortinas se fecham sem aplausos


Isaac Ruy


Poesia escrita em setembro de 2007.
Dizem que minutos antes de morrer assistimos à toda nossa vida em apenas um segundo... ...acho que vou precisar de, pelo menos, alguns minutos de flash back...
...afinal não quero perder nenhum momento do espetáculo que vivi, dos cenários por que passei, das personagens com quem cruzei e dos improvisos que aprendi.

18 abril 2009

Xeque-Morte

Enterro de avó...

Cerimônia simples:
lágrimas, gemidos, oração, flores, reencontros com conhecidos, café, reencontro com desconhecidos - sim, isso é possível -, mais lágrimas, lembranças coletivas, nostalgia,
cortejo (mesmo túmulo do avô),
bodas de morte,
um pouco de terra, muito silêncio...

e,
no ar,
o cheiro do xeque-mate da morte.
Isaac Ruy
E nada mais.

13 abril 2009

Liberdade! (?)



Isaac Ruy, 2008

Esse vestígio de revolução foi fotografado em um muro de São Paulo próximo a um ponto de ônibus.
Versos soltos de uma poesia marginal, pós moderna, provocante...
Um grito quase mudo, escondido entre cartazes de cartomantes,
promoções,
descontos,
igrejas
e políticos...
Desse jeito fica difícil de acreditar.

Isaac Ruy
Hoje em dia nem se preocupam em ser, ao menos, subliminares... aliás, será que agressão visual rende processo?

12 abril 2009

Trova Infantil



Eis que o barulho se encerra,
não se ouve riso ou conversa.
(Alguém pulou a janela)
... . . .. . . . . . . . . ......si-lên-cio...
Era a tal vaca amarela!

Isaac Ruy



Talvez o devaneio infantil seja influenciado pela sonolência...
ou pelas matérias da linguística!

11 abril 2009

Lembranças reveladas



Momentos gravados
Reflexos da memória

Olhares...

Dispersos,
diferentes,
surpresos,
felizes...

Segredos guardados no fundo da gaveta
Sorrisos amarelados pelo tempo

Aniversários,
Casamentos,
Enterros.

Retalhos de vida em preto e branco
Saudade emoldurada

Família,
Amigos,
Desconhecidos...
Olho - os retratos na parede - me olham
Isaac Ruy
A CAIXA DE RECORDAÇÕES
O poema foi escrito por volta de setembro de 2008
________As imagens são algumas das fotos que encontrei em uma caixa de recordações de minha avó - que hoje já não lhe servem muito, visto que pouco de sua memória sobrevive ao Alzheimer - e me mostram fragmentos de sensações e de vidas que já se perderam há muito tempo.
________As fotografias oferecem um pouquinho do momento... um olhar, um sorriso, um beijo... é como se no instante em que as olhamos alcançamos parte, também, do instante fotografado.