15 novembro 2010

Cena noturna

Sabia que estava sendo seguida há algum tempo.
O perseguidor se mantia no escuro, ali podia se camuflar para não ser percebido.
A luz fraca da lamparina que ela carregava não chegava até o esconderijo dele, mas iluminava o bastante para que pudesse caminhar sem cair nas armadilhas do caminho.
O contraste entre a brilho âmbar do fogo aprisionado e a luz azul lunar que banhava a cena criava uma atmosfera de mistério.
A fita vermelha do cabelo já se perdera no percurso e os cabelos soltos agora dançavam no ar com o vento noturno.
Sentia que ele estava cada vez mais próximo.
Aflita, corria e nada ouvia além de seus próprios passos, enquanto, pelo escuro, o perseguidor se movimentava com uma sutileza muda, como se flutuasse.
Foi então que ela olhou para trás e viu, de relance, um brilho dourado em meio a escuridão.
Caiu, mas, apesar de ofegante, estava aliviada.
A lamparina caída atrás de si fazia com que sua sombra se estendesse até as trevas onde o perseguidor se escondia, criando uma ligação entre eles.
Sorriu.
__ É você, meu anjo da guarda?
(Silêncio)
__ Não...

Isaac Ruy



2 comentários:

  1. hahaha que bom!
    Esse, apesar de simples, se tornou um dos meus preferidos... achei Cênico...

    =]

    ResponderExcluir