10 março 2016

Naufrágio

o som grave dos trovões estremece as estruturas do que sobrou da embarcação
gritos destroços trevas e clarões se misturam
naufrágio
a onda bravia lança as ruínas contra as pedras
e dança e balança e ondula contra a lança o corpo quase sem vida
no ápice
o silêncio
sozinho jaz
entre espuma e sangue
o tempo se reconfigura
um canto doce alivia as feridas
entorpece
inebria
a tempestade ainda precipita
mas somente notas serenas pairam sobre o oceano
então
lentamente
afunda
num mergulho rumo ao infinito
se entrega ao mar
sem medo do que virá
sabe que retorna ao útero
de sua mãe
Iemanjá

Isaac Ruy

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