Da janela do sobrado observava o misterioso homem de chapéu passando pela rua.
Dada a altura em que olhava, nada via do rosto, mas o andar tranquilo e seguro do homem de chapéu esbanjava charme e elegância, alimentando ainda mais a imaginação da menina.
Passava sempre no mesmo horário e ela estava sempre enfeitada e debruçada no parapeito a esperá-lo.
Ela sempre de laço e fita.
Ele sempre de chapéu.
Depois de semanas a imaginar coisas e escrever palavras de amor no diário escondido, criou coragem e o esperou sentada em frente ao sobrado, na calçada, como quem não quer nada - queria muito ver de perto o homem que o chapéu escondia.
De longe avistou o chapéu e preparou o melhor sorriso, além de arregalar bem os olhos para não perder um detalhe do amado.
Ele também a viu e, ao passar em frente moça tão bela e sorridente, não se conteve e cumprimentou-a sorrindo - e tirando o chapéu.
Ela, sem responder o aceno, emburrou-se e entrou porta adentro indo chorar sozinha debruçada na cama.
O cabelo em desalinho e o laço no chão.
Antes não tivesse descido.
Quadros de René Magritte
É difícil quando a paixão apenas existe pela dúvida, pelo não conhecer.
ResponderExcluirQuando se mata a curiosidade, todo o resto vai junto.
Uaaau ! AdOrei seu textO ! E adOrei as imagens ;) Seu blOg eh lindO !
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