08 janeiro 2010

O Circo


Vai, vai, vai começar a brincadeira
Tem charanga tocando a noite inteira
Vem, vem, vem ver o circo de verdade
Tem, tem, tem picadeiro de qualidade


Corre, corre, minha gente que é preciso ser esperto
Quem quiser que vá na frente, vê melhor quem vê de perto

Mas no meio da folia, noite alta, céu aberto

Sopra o vento que protesta, cai no teto, rompe a lona

Pra que a lua de carona também possa ver a festa


Refrão

Bem me lembro o trapezista que mortal era seu salto
Balançando lá no alto parecia de brinquedo

Mas fazia tanto medo que o Zezinho do Trombone

De renome consagrado esquecia o próprio nome

E abraçava o microfone pra tocar o seu dobrado


Refrão

Faço versos pro palhaço que na vida já foi tudo
Foi soldado, carpinteiro, seresteiro e vagabundo
Sem juízo e sem juízo fez feliz a todo mundo

Mas no fundo não sabia que em seu rosto coloria

Todo encanto do sorriso que seu povo não sorria

Refrão

De chicote e cara feia domador fica mais forte
Meia volta, volta e meia, meia vida, meia morte
Terminando seu batente de repente a fera some

Domador que era valente noutras feras se consome

Seu amor indiferente, sua vida e sua fome


Refrão

Fala o fole da sanfona, fala a flauta pequenina
Que o melhor vai vir agora que desponta a bailarina

Que o seu corpo é de senhora, que seu rosto é de menina

Quem chorava já não chora, quem cantava desafina

Porque a dança só termina quando a noite for embora


Vai, vai, vai terminar a brincadeira
Que a charanga tocou a noite inteira

Morre o circo, renasce na lembrança

Foi-se embora e eu ainda era criança

Sidney Miller


Homenagem e inspiração para um novo trabalho...
Desenho em aquarela de Fernando Weno.

Isaac Ruy

Nenhum comentário:

Postar um comentário