O pássaro colorido da avó ficava preso na gaiola.
Não cantava, simplesmente observava, tristemente, àqueles que voavam livres ou descansavam no fio de alta tensão.
O menino olhou por um tempo e coçou a cabeça desconfiado.
Pegou uma cadeira, subiu e abriu a portinhola da gaiola, vagarosamente, para a avó não acordar e descobrir a arte.
Nhééééc...
O pássaro permaneceu imóvel, no fundo da gaiola.
__Voa passarinho!
Nada.
Subiu novamente na cadeira e envolveu o pássaro com uma das mãos, cuidadosamente, para não machucar o frágil corpo da ave.
Depois de retirá-lo da gaiola, esticou os dedos.
__Voa passarinho!
Nada.
Uma ideia.
Pulou na cadeira e com um impulso forte lançou, violentamente, o pássaro o mais alto que conseguiu.
Paf!
O pássaro se chocou, violentamente, contra o gerador do poste de energia e, depois de eletrocutado, caiu esfumaçante no chão.
O garoto se aproximou do pássaro e o tocou com a ponta do tênis.
__Voa passarinho.
Nada.
Escutou os passos da avó se arrastando pelo corredor.
Escalou a cadeira, jogou o corpo negro do pássaro, rapidamente, pela portinhola da gaiola, fechou e se sentou na cadeira,
observando, tristemente, àqueles que voavam livres ou descansavam no fio de alta tensão.
A avó olhou por um tempo e coçou a cabeça desconfiada.
Abriu o portão.
Nhééééc...
__Vai brincar, menino!
Nada.
__Então vem me ajudar a dar comida pro passarinho.