19 abril 2009

Último ato

Fria
a taça
cai
O desfazer agudo do cristal
se funde aos compassos do relógio
____________ ___em si maior]
Paz
O corpo jaz, agora mudo, sobre o carpete
________ ___de veludo azul-profundo]
O cachimbo repousa, ainda com as marcas de saliva
____________________ ___da última tragada ]
O cenário se desfaz
Recordações brincam em carrossel e
__________________ ____risos]
O eco de uma canção instiga as lágrimas
O vinho se espalha entre os cacos
______________ ___da cena]
O sangue ainda corre
Foco
O olhar mantém o monólogo
Catarse
Clímax
No chão, o respirar ofegante
_____________ ___pára]
O sonhar além do beijo
__________ __pára]
A vida...
___Não]
Essa não pára nunca
O espetáculo não pode parar
Silêncio
As cortinas se fecham sem aplausos


Isaac Ruy


Poesia escrita em setembro de 2007.
Dizem que minutos antes de morrer assistimos à toda nossa vida em apenas um segundo... ...acho que vou precisar de, pelo menos, alguns minutos de flash back...
...afinal não quero perder nenhum momento do espetáculo que vivi, dos cenários por que passei, das personagens com quem cruzei e dos improvisos que aprendi.

18 abril 2009

Xeque-Morte

Enterro de avó...

Cerimônia simples:
lágrimas, gemidos, oração, flores, reencontros com conhecidos, café, reencontro com desconhecidos - sim, isso é possível -, mais lágrimas, lembranças coletivas, nostalgia,
cortejo (mesmo túmulo do avô),
bodas de morte,
um pouco de terra, muito silêncio...

e,
no ar,
o cheiro do xeque-mate da morte.
Isaac Ruy
E nada mais.

13 abril 2009

Liberdade! (?)



Isaac Ruy, 2008

Esse vestígio de revolução foi fotografado em um muro de São Paulo próximo a um ponto de ônibus.
Versos soltos de uma poesia marginal, pós moderna, provocante...
Um grito quase mudo, escondido entre cartazes de cartomantes,
promoções,
descontos,
igrejas
e políticos...
Desse jeito fica difícil de acreditar.

Isaac Ruy
Hoje em dia nem se preocupam em ser, ao menos, subliminares... aliás, será que agressão visual rende processo?

12 abril 2009

Trova Infantil



Eis que o barulho se encerra,
não se ouve riso ou conversa.
(Alguém pulou a janela)
... . . .. . . . . . . . . ......si-lên-cio...
Era a tal vaca amarela!

Isaac Ruy



Talvez o devaneio infantil seja influenciado pela sonolência...
ou pelas matérias da linguística!

11 abril 2009

Lembranças reveladas



Momentos gravados
Reflexos da memória

Olhares...

Dispersos,
diferentes,
surpresos,
felizes...

Segredos guardados no fundo da gaveta
Sorrisos amarelados pelo tempo

Aniversários,
Casamentos,
Enterros.

Retalhos de vida em preto e branco
Saudade emoldurada

Família,
Amigos,
Desconhecidos...
Olho - os retratos na parede - me olham
Isaac Ruy
A CAIXA DE RECORDAÇÕES
O poema foi escrito por volta de setembro de 2008
________As imagens são algumas das fotos que encontrei em uma caixa de recordações de minha avó - que hoje já não lhe servem muito, visto que pouco de sua memória sobrevive ao Alzheimer - e me mostram fragmentos de sensações e de vidas que já se perderam há muito tempo.
________As fotografias oferecem um pouquinho do momento... um olhar, um sorriso, um beijo... é como se no instante em que as olhamos alcançamos parte, também, do instante fotografado.